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Recomendado para leitores escapistas que já assistiram a Game of Thrones (S05E08). |
Entre a miríade de questões que cercaram Game of Thrones antes da estreia de seu quinto ano, uma, contudo, foi o vértice de várias discussões, inclusive motivando reiterados temores reverenciais nas temporadas anteriores. Estamos falando do dia em que o cânone e o não canônico passariam a caminhar de mãos dadas – ou não. E esse dia chegou, e como nenhum outro, reservou a segunda metade de Durolar (Hardhome, S05E08) um dos momentos mais esperados por leitores ou espectadores: o ataque dos Caminhantes Brancos.
Foram exatos trinta de minutos entre negociações acaloradas – ou gélidas – e a investida surpresa do exército dos mortos, no qual um recado ficou bastante claro para ambos as facções, isto é, personagens e audiência: de um lado, inimigos jurados ou não, Patrulha da Noite e Selvagens terão agora que juntar suas forças para que não tenham o mesmo destino dos caídos; do outro, dado o avanço mais célere dos arcos de histórias em relação aos pontos de vistas nos livros, chegou-se a ocasião em que a opção do original e adaptação não seria outra senão o meio-termo.
Não que a versão audiovisual tenha sido até aqui o melhor exemplo de fidelidade irrestrita, pelo contrário, o que se tinha na realidade eram as redes de seguranças que o próprio George R. R. Martin já havia entrelaçado nas suas tessituras. Logo, no episódio dessa semana, o que ocorreu de mais marcante não foram os belos diálogos entre Tyrion e Daenerys ou, muito menos, o assalto dos Caminhantes Brancos, mas sim o salto corajoso dos showrunners, David Benioff e D. B. Weiss, sem as redes de segurança do autor-criador.
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"Pode vir quente que eu estou ferv... deixa pra lá!" |
Afinal, se antes havia pequenos desvios nas trajetórias dos medalhões ou, vá lá, inserções pontuais de subtramas como, por exemplo, os dilemas eunucos de Verme Cinzento, agora o que existe é uma só história sendo contada, onde, pela primeira vez, ambos os seguimentos de fãs sabem exatamente a mesma coisa: um profundo e afrodisíaco nada.
Um nada que tornou a sequência do cerco dos mortos um momento tão surpreendente para quem o estava assistindo no sofá quanto para os Patrulheiros e Selvagens encurralados. E como se não bastasse, vencidos e em retirada, de baixo de baforadas criogênicas na espinha®, os aliados de ocasião testemunham a chacota suprema – reproduzida acima, na imagem que inaugura o texto.
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Acho que agora você sabe de alguma coisa, Jon Snow. |
Fato é que, depois de Durolar, fiz minhas pazes com os Deuses Antigos, Os Sete, o Deus Afogado, Deus de Muitas Faces, R’hllor [...].
E que venha agora o – para sempre traumático – capítulo nove.