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segunda-feira, 6 de julho de 2015

Dois One-Shots #4: Ter e Manter & O Cavaleiro da Vingança

Para começar a semana com o pé direito, faço questão que nossos leitores escapistas limpem suas papilas gustativas e apreciem essas duas suculentas entradas: 
 Sob muitos aspectos, gosto de pensar que Ter e Manter foi a última história que li do Homem-Aranha e, provavelmente, o mais singelo conto produzido para o Amigão da Vizinhança em décadas. A história tem seu lugar no período Pós-Guerra Civil no qual Peter e Mary Jane tiveram seus dias de foragidos da justiça, o primeiro por se opor a Lei de Registro Super-Humano, e a segunda, por ser sua cúmplice.

Narrada em duas frentes, uma com a Sra. Watson-Parker na clássica lanchonete Grão de Café, sendo interceptada e assediada por um Agente da SHIELD, propondo que a mesma denuncie o marido à troco de imunidade total; e a outra, do outro lado da cidade, paralelamente, com um Peter alquebrado, negociando sua rendição com um detetive do DPNY.

Em meio a situações tão similares e, ainda assim, tão adversas, os dois rememoram a inocência de outra vida, mais simples e que valia a pena guardar para momentos como aqueles. Mais que a instituição do casamento, eu acreditava na parceria daqueles personagens. Num amor que, inclusive, tal quais todos os demais, poderia sofrer também seus reveses e, quem sabe, se desgastar ou terminar naturalmente, mas nunca em uma decisão editorial retrógrada sob a carapuça de anular-lhes magicamente seus estados civis. Ou como bem concluiu o Sérgio Codespoti, não se trata de “[...] uma questão de moralismo, mas sim um questionamento da hipocrisia marqueteira”.
 Num mundo perfeito, Peter e MJ ainda estariam ali em cima, naquele “mirante”, decidindo que passos dariam a seguir. May morreria dignamente naquela cama de hospital; alguns meses de luto e teia para cima: é para frente¹ que se anda balança

Ter e Manter², de Matt Fraction e Sal Larroca, foi publicada em Homem-Aranha #78 (Panini/2008) e, originalmente, em Sensational Spider-Man Annual #1 (2007). 

¹ Do contrário, sempre é bem-vindo uma série vintage – de outra vida – a exemplo dos saudosos Arquivos Secretos do Homem-Aranha (Untold Tales of Spider-Man), de Kurt Busiek e Pat Olliffe

² À época de seu lançamento, esse One-Shot rendeu a parceria Fraction/Larroca uma indicação ao Eisner Awards na categoria história fechada.
 Nossa segunda entrada começa com um fato notório: ninguém discute que Flashpoint deixou um rastro de destruição muito além de qualquer reconstrução no continuum DCnauta. Ponto. O que muitos desconhecem é que um spin-off dessa minissérie principal se sobressaiu ao ponto de virar sucesso de crítica e até mesmo receber uma indicação ao Eisner Awards 2012 na categoria série limitada. 

Estamos falando de O Cavaleiro da Vingança, de Brian Azzarello e Eduardo Risso, publicado no Brasil em Ponto de Ignição Especial #3 (Panini/2012) e lá fora em Flashpoint: Batman - Knight of Vengeance #1-3 (2011).

O barato desta trama é que, em algum momento, tu começas a imergir na ideia de que, se a maior tragédia super-heroica de nosso tempo não ocorreu conforme a esteira do evento original, quem diabo então seria o Batman? 
 
Trata-se de um Batman mais velho, bastante similar a versão futurista de Miller; e ainda que seja um estrategista brilhante, não se pode dizer o mesmo de suas habilidades detetivescas. Pragmático e moralmente falido, suas motivações vêm de um lugar distinto, uma Gotham diametralmente oposta a Gotham City que conhecemos. Na realidade, a resposta é bastante instintiva, mas, acredite, nada lhe prepara para o impactante desfecho dessa história.

Se deseja mesmo saber, é o melhor “Túnel do Tempo” desde Red Son. 

Acho que agora ganhei sua atenção, não? 

Bom apetite. 
A seguir, os pratos principais dos Chefs Escapistas.

segunda-feira, 8 de junho de 2015

Dois One-Shots #1: Demissão Sumária & A Encomenda

Para começar a semana com o pé direito, faço questão que nossos leitores escapistas limpem suas papilas gustativas e apreciem essas duas suculentas entradas:

Tom Cochrane está frito!. Ele era o encarregado de uma operação criminosa no Bronx que há poucos instantes foi desbaratada por um “cidadão preocupado”. Segundo a polícia, estima-se que as armas apreendidas estejam avaliadas em alguns milhares de dólares. Cochrane trabalha há mais de vinte anos para o Senhor Fisk, um empresário nova-iorquino de reputação ilibada cujas recompensas aos êxitos dos funcionários são historicamente generosas. 
 Por outro lado, por exigir desses empregados um alto padrão de qualidade em seus serviços, Fisk não permite falhas e nem é conhecido por conceder segundas chances. Como dizíamos, Tom Cochrane está frito, frito porque o crime em questão pode conectá-lo ao Senhor Fisk e Fisk, reiteramos, embora seja um cidadão exemplar e reprove os atos do referido subordinado, não tem o hábito de pagar a usual multa de 40% sobre os depósitos do FGTS. Tão pouco tem processos se amontoando em varas trabalhistas.

Demissão Sumária, de Greg Rucka e Eduardo Risso¹, foi um conto publicado em Homem-Aranha #10 (Panini/2002) e, originalmente, em Spider-Man's Tangled Web² #4. Uma história de um tempo em que, aos olhos dos leitores – e, cá entre nós, admiravelmente transposto no Demolidor Netflixiano –, o Rei do Crime era 90% reputação, 10% fisicalidade.

¹ Rucka é de casa, não tenho nem mais superlativos para descrever o quão fã sou de sua produção; e Risso? Bom, o que dizer de meu argentino favorito? Demissão Sumária tem toda pinta e pompa de um interlúdio de 100 Balas, só que não.

² Tangled Web rendeu vinte e duas edições e tinha como proposta a veiculação de enredos fechados do universo aracnídeo por autores consagrados como, por exemplo, Brian Azzarello, Bruce Jones, Darwyn Cooke, Garth Ennis, Paul Pope, Peter Milligan, etc. Logo mais, certamente traremos outros para que possam degustá-los.
 A segunda entrada fica a cargo de Wolverine #30 (Panini/2007) e leva consigo não uma, mas duas excelentes histórias com o carcaju do título, ambas assinadas por Stuart Moore e C. P. Smith.

Em A Encomenda, a pedido de T’Challa, Logan é incumbido de extrair a todo custo um bebê de Zwartheid, África. O mesmo se justifica, pois, enquanto chefe do estado wakandano, o Pantera Negra está politicamente impedido de interferir na soberania das nações vizinhas. E, segundo o narrador-personagem, o Wolverine, o país em questão era classificado pela ONU como um dos piores lugares do globo em termos de qualidade de vida – com expectativa de vida de 37 anos – e um matadouro para as nações ocidentais, ante suas riquezas minerais. 

Há dez anos, entretanto, o Presidente Mayamba conseguiu pacificar as tribos em conflito e estabilizar a região. Um golpe de Estado o derrubou e estabeleceu na década seguinte um período de puro pesadelo. Guerras civis, milhares de crianças alistadas como soldados. Meninas e mulheres estupradas, infectadas com HIV de propósito. Seis meses atrás Mayamba ressurgiu e uma vez mais reiniciou o processo de paz, mantendo inclusive um diálogo aberto com os senhores da guerra e traficantes de diamante. A nova queda veio com um general chamado Lago.
 Assim, a esperança de paz do ex-presidente vai morrer a menos que um dia, a filha dele continue de onde o homem parou. A menos que Wolverine, como seu guardião, atravesse um ambiente descrito como hostil e paradoxal repleto de selva, matas fechadas e campos abertos; onde o caos é tamanho que o zunido de uma bala o confunde por mosquitos.
 Por fim, em A Cura, conto também assinado pelos autores supracitados, se atém as dolorosas etapas que o fator de cura tem de percorrer até que alcance sua regeneração total. Onze páginas geniais que questionariam, inclusive, a teoria de Grampá sobre o suposto vício de Logan em dor

Bom apetite. 
A seguir, os pratos principais dos Chefs Escapistas.