Há quase dez anos, logo ali, eu e alguns amigos jogávamos no monitor nossas impressões sobre a bizarra involução artística de Frank Miller. Diante de um dos assuntos mais comentados dessa semana no universo do quadrinhos - o pôster exclusivo de Miller para a CCXP 2015 - posso dizer que minha opinião segue a mesma, porém 2.0: é uma merda de desenho; e Miller não é bobo.
Como já é sabido, o pôster é uma arte promocional para o infame Dark Knight III – The Master Race. Um sneak peek, como se diz na Gringoland. Ainda que assessorado por Klaus Janson e Andy Kubert durante a série, Miller não aliviou no choque e concebeu uma Mulher-Maravilha ainda mais caótica visualmente do que em DK2. Isso se chama bait, na Gringoland.
Longe de querer "enxergar pelo em ovo", looonge mesmo, mas passo quase a comprar uma visão mais romântica e menos conservadora. Miller não desenha mais de uma forma comercial, mas impiedosamente vanguardista - mesmo em Terror Sagrado é notável essa estilização hermética. Então, para estabelecer alguma conexão, resta-lhe a crítica.
Claro que depender da abstração alheia é um caminho inglório. Só que o erro lieféldico no ombro esquerdo da Diana soa tão proposital que parece gritar o quanto os quadrinhos comerciais perderam o rumo nos últimos tempos.
Um comentário:
"Resta-lhe a crítica", mas pena que fãs xiitas acreditem que o catálogo oitentista de Miller seja o suficiente para embelezar/redimir quaisquer de seus trabalhos mais contemporâneos. Não consigo comprar nenhuma dessas teorias que cercam a escrita e o nanquim dele pós-DK2; apenas acredito que ele, como tantos outros artistas, tiveram sua vazão criativa - ou relevância - reduzida pela implacável força do tempo.
E o que se passa com Miller não chega nem a ser uma exceção, afinal, nem todos podem ser "Will Eisners", pelo contrário, muitos tendem a se tornar "Romitas Juniores".
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