Sem desmerecer personagens e ideias numa retórica hater, mas o que se pode esperar de um seriado da Supergirl? Nada. E portanto, tudo.
Bom, assisti ao tal piloto. Os efeitos e as cenas de ação são acima da média para a telinha e Melissa Benoist ganha pontos pelo esforço e estamina, mas eu não recomendaria ainda.
O curioso mesmo - para nós aqui, leitores - foi ver a estratégia da Warner sobre a separação dos universos do cinema e das séries entrando em colapso total e gerando uma singularidade meio esquizofrênica.
É um pássaro? É um avião?
Pra mim parece o Nosso Senhor Jesus Cristo estampado na capa daquelas revistas das Testemunhas de Jeová.
Ou talvez seja o próprio Deus (Supergod, segundo os textos apócrifos do profeta Morrison), considerando que somos todos pecadores e, portanto, indignos de fitar a Sua face.
O que vai ser daqui pra frente não faço ideia, mas só por esse dilema gratuito eu faço questão de baixar pra ver.
Arrependei-vos, pois Apocalypse está próximo!
2 comentários:
Taí, se me dissessem que a personagem de Melissa Benoist, a "Nicole", em Whiplash era só mais outra identidade da Kara Zor-El/Linda Danvers de Supergirl, eu teria aceitado numa boa. Quer dizer, não elas não são a mesma pessoa? Ou será que estou falando da Andy Sachs (Anne Hathaway) de O Diabo Veste Prada, trocando o nome e a patroa, Miranda Priestly (Meryl Streep), pela igualmente irascível Cat Grant (Calista Flockhart)? Vamos mais longe: seria o “Nigel” (Stanley Tucci) do folhetim fashion do último filme, a versão mentor de “Jimmy Olsen” (Mehcad Brooks) no piloto da Garota de Aço?
Nem precisamos respondê-las, afinal, todos os personagens citados ostentam características arquetípicas que tendem a ser artisticamente reformatadas e reutilizadas em outros produtos. Se não fosse desse jeito, não haveria indústria do entretenimento. Se não fosse desse jeito, só existiria Star Wars, nunca Guardiões da Galáxia, por exemplo – para ficar só nesse reducionismo e sem ir à cata das fontes de Lucas.
O problema, contudo, é a execução desses arquétipos. Ah, é sempre sobre a execução e, sob pena de repeti-lo: “Sem desmerecer personagens e ideias numa retórica hater, mas o que se pode esperar de um seriado da Supergirl? Nada. E portanto, tudo.”
Analisar criticamente o presente piloto é o mesmo que se insurgir contra públicos e sistemas que não são os nossos; isto é, dos quadrinhos ou, quiçá, de nichos como os do Demolidor Netflixiano. Enfim, não faz sentido, mas somos como o “escorpião” da anedota da travessia: não há como encarar o “jacaré” (Supergirl) despido de nossos instintos.
Logo, não dá para comprar 90% do que é vendido ali, muito embora, convenhamos, existam algumas coisinhas que normalmente agradariam o meu ego kryptoniano:
http://s12.postimg.org/h2q5wzhnx/forte_rozz.jpg
http://s8.postimg.org/5czszscdh/foragidos.jpg
Quanto à questão principal do texto: imagine que, involuntariamente, coloquei dentro de meu apartamento um ateu e um católico ortodoxo para assistir comigo uma reprise de Homem de Aço. Sim, esse cenário foi tão real e inflamável que me sentia como se estivesse dentro de uma mesquita trajando uma camisa com estampa de Jesus e Maomé bebendo Sul Americana juntos.
Realmente é difícil conter velhos hábitos. Mas, talvez por eu ser também aficcionado pelo formato (sou um 3 ou 4 pobres coitados atualmente na Terra a redescobrir os seriados toscos do Hulk, da Poderosa Ísis e da Mulher-Maravilha) que dou algum crédito pela limonada que estão fazendo. É tudo de um clichê atroz (a vilã é a tia? Pqp), mas pelo menos estão tentando criar uma mecânica interna com renegados kryptonianos, a tal agência anti-alien e por aí vai.
Pode não dar em nada - e é quase certo que não vai. Mas é possível que também aconteça uma mudança de atitude. Ao menos o suficiente para, quem sabe, transformar esses dois links numa realidade próxima.
Amém.
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