segunda-feira, 22 de junho de 2015

Vingadores, nível HARD!


Fato Flash: ser nerd está na moda. Period! Nem vou me arriscar a desenvolver isso melhor. É o que tem pra hoje, convivam com isso.

Felizmente, ainda existe um recôndito nerd, um nicho do nicho do nicho. E não estou falando de Furries, ainda não cheguei a tanto, alto lá. Estou falando de CRONOLOGIA!

É um tema complicado: Há quem curte e não vive sem. Outros consideram uma complicação desnecessária, algo que deixa o tema pouco amigável para novos consumidores. E há o nível Grant Morrison, só acessível se você tiver um círculo de proteção.

Kurt Busiek é um autor que sabe trabalhar com cronologia como ninguém. MARVELS é um bom exemplo disso, entra fácil na categoria Clássico Obrigatório. Vingadores Eternamente não é tão emblemática quanto MARVELS, mas é uma ótima história cujo o personagem principal é a cronologia.


Vingadores Eternamente saiu na Linha Premium da Abril, a nossa Idade das Trevas dos Quadrinhos. Por isso mesmo é pouco conhecida. Um pecado! Se você só conhece os Vingadores do cinema, passe longe, isso vai dar dor de cabeça.

Mas se você é um leitor destemido, que conhece as histórias antigas dos Vingadores, sabe o que é uma Madona Celestial, não tem medo dos filhos hipotéticos da Wanda, tem uma opinião formada sobre a origem do Visão, gosta de todas as múltiplas personalidades do Hank Pym e acha que o Kang é um personagem com potencial, Vingadores Eternamente é a sua história.


A saga, publicada originalmente em 12 edições, foi reunida em 2 volumes e acabou de ser lançada em banca pela coleção Marvel Salvat. Publicada no finalzinho dos anos 90, durante a hegemonia dos X-títulos, a série é corajosa por usar não a equipe atual dos Vingadores (escrito por Busiek também na época) e sim uma seleção dos heróis do passado, presente e futuro da equipe.

É aí que a série se torna encantadora para quem gosta dos Vingadores. O grupo reunido para proteger Rick Jones (o sidekick de plantão) é uma insanidade cronológica, com direito a DOIS Hank Pym, em sua versão Gigante e Jaqueta Amarela.


Outro ponto positivo da série é o uso de vilões recorrentes do título, com destaque para Kang, fazendo jus ao título "o Conquistador". O Kang não é um vilão muito popular (nível Dr. Destino ou Magneto), tem um visual esquisito (verde e roxo), mas sua participação na saga é sensacional!

Busiek explora muito bem o fato que Kang tem um background complicadíssimo. Por conta de suas viagens temporais, Kang já foi desdobrado em vários alter egos e personagens diferentes  - que aparecem na história como aliado e antagonista dos Vingadores. É um barato ver o vilão interagindo com Immortus ou o faraó Rama Tut, duas versões alternativas do passado e futuro.


Complicou?  Ótimo, o objetivo não é ser fácil mesmo. Nível Hard, lembre-se disso.

Se até agora nenhum desses argumentos foi suficiente para você ler Vingadores Eternamente, deixei o melhor para o final: a arte é de Carlos Pacheco (Truco Marreco!). O Pachecão está com o lápis afiado, capricha no primeiro e no segundo plano, com cenários fantástico que vão de um limbo interdimensional para o Velho Oeste americano.

É uma arte limpa, num estilo bem clássico para a enorme quantidade de personagens que transitam pelas 12 partes da saga. Vale a pena reparar no cuidado com as caracterizações do núcleo principal. Basta ver que é fácil reconhecer as fisionomias distintas do Gavião Arqueiro, o Capitão Marvel e o Jaqueta Amarela sem máscaras. 

Leitura recomendadíssima, republicação mais do que merecida. Desbloqueie esse Achievement Challenge de Expert em Cronologia lendo uma ótima história. 


4 comentários:

Luiz Gustavo de Sá disse...

Reginaldo, ao lado de Velho Logan, essas duas partes de Vingadores Eternamente eram os fascículos da Salvat mais esperados por mim. O único senão reside exatamente no clássico problema do mosaico nas lombadas, sem a identificação dos livros. Um estorvo tanto para os colecionadores quanto para os consumidores de ocasião - que seria o meu caso.

E como isso tira meu sono, acredito que logo mais encomendarei com o Erick Vinicius¹ um box para guardar os dois volumes. Só assim poderei ter paz! :(

Kurt Busiek e Mark Waid são dois quadrinistas fora de série, que conseguem domar esse monstro chamado "Cronologia" como ninguém. Sou fã confesso - e irrestrito - de suas produções, mas no que toca ao primeiro, nunca li algo com tanta alma quanto Identidade Secreta, com o lápis de Stuart Immonen. Acredito que seja também o melhor quadrinho de super-herói que já li na vida e, consequentemente, também, a melhor história do Homem de Aço - se é que, dado o selinho de Elseworld, podemos julgá-la assim.

Por último, Nicolás Maduro indicaria: o cafezinho no final daquela refeição. Uma dica saideira. No caso do Kurt Busiek, recomendo a aquisição de Astro City #1: Vida na Cidade Grande², de Kurt Busiek e Brent Anderson. Um verdadeiro tratado sobre o super-heroísmo.

¹ http://www.comicboxhqs.com.br/

² Devidamente resenhado pelo Rodrigo e o Liber: https://www.youtube.com/watch?v=4IogZumQel4

doggma disse...

É mesmo uma das maiores sagas da história dos Vingadores. Busiek se prova ali, pela enésima vez, um verdadeiro saqueador dos arquivos da editora. É um Grant Morrison sem firula.

Ps: Luwig como sempre infiltrando a Distinta Concorrência em assuntos marvelísticos, heh... mas tenho que concordar: "Identidade Secreta" é pura alma!

Nuno disse...

Como essa história é boa. Li quando foi publicada pela Abril, mas encaixotei as revistas durante uma mudança e não tive oportunidade de relê-la até agora. Esses são os dois únicos volumes que comprei dessa coleção da Salvat, só pra dar uma idéia do quanto eu gosto desse material.

É irritante ver os escritores simplesmente ignorarem anos de cronologia ou alterar radicalmente a personalidade de um personagem sem se dar ao trabalho de pesquisar como se chegou e o que ocorreu até ali. Inconsistências cronológicas sempre ocorreram, acho que até certo ponto faz parte do jogo, mas de uns tempos pra cá isso tem se tornado algo a regra. Parece que os caras procuram elementos já bem estabelecidos pra simplesmente promover altrerações e tentar dar um certo impacto a histórias absolutamente medíocres. O negócio é tão sério que parece que a DC resolveu chutar o balde e dar carta branca para seus autores fazerem o que quiserem com os personagens sem se preocuparem com questões de continuidade.

Busiek prova que é possível fazer uma história fantástica respeitando o que veio antes. Basta deixar a preguiça de lado, arregaçar as mangas e buscar inspiração mergulhando em anos de histórias em quadrinhos. Não sei se um leitor mais novo vai curtir esse material tanto quanto um dinossauro quadrinístico que cresceu à base de uma dieta saudável de Heróis da TV, Superaventuras Marvel e cia., mas acho que a exposição desse trabalho do Busiek para uma nova geração é bastante relevante.

blogzine disse...

Nem coloquei um cafezinho final, achei a refeição pesada.Identidade Secreta é um achado mesmo, ótima história.